quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

¡Salta! até 03/março - Temporada Prorrogada

Venham!
Sextas 20h, sábados e domingos 19h até 3 de março.
No SESC Santo Amaro
(Rua Amador Bueno, 505)


Crítica: Portal R7 - Miguel Arcanjo Prado


saltaIMG 5269 Crítica: Peça do Coletivo Teatro Dodecafônico, ¡Salta! aposta no não dito para criar significados
Peça do Coletivo Teatro Dodecafônico: corpos falam mais do que palavras - Foto: Cacá Bernardes
Por Miguel Arcanjo Prado
A peça ¡Salta! dialoga com o público desde o começo. Pouco antes de a função do Coletivo Teatro Dodecafônico ter início no Sesc Santo Amaro, em São Paulo, o espectador é convidado a ouvir a apresentação de um dos personagens em fones de ouvido – cada pessoa ouve a de um personagem diferente.
Enquanto as palavras são ditas no ouvido de cada um, os personagens desfilam em silêncio sob o olhar de todos em espaço aberto, antes do convidarem o público a entrar na sala de teatro convencional, onde a história, já cheia de expectativa, promete se desenrolar. 
Mas, logo, o espectador acaba por perceber que o que não está dito será fundamental para a significação da obra.
Salta5508 crédito Cacá Bernardes Crítica: Peça do Coletivo Teatro Dodecafônico, ¡Salta! aposta no não dito para criar significados
¡Salta! está em cartaz no Sesc Santo Amaro (SP)
A cidade de Salta, no norte da Argentina, empresta seu nome à peça. Mas está longe do enredo querer ser um típico retrato do lugar. A proposta é outra: ser um retrato cênico da artecinematográfica de uma saltenha, a cineasta argentina Lucrécia Martel, que deu ao lugar uma visão estética e poética com seu olhar artístico.
A encenadora Verônica Veloso, em parceria com seus atores, se inspirou em três longas de Martel, A Mulher Sem CabeçaO Pântano e A Menina Santa, para a criação do espetáculo. O Dodecafônico assumiu a difícil tarefa de recriar uma atmosfera pensada por outro artista para uma outra linguagem. E obtiveram sucesso. O conhecedor do cinema de Martel percebe no palco a atmosfera delicada e cheia de silêncios que a diretora argentina imprimiu em seus filmes.
A peça, como os filmes, convida o público a preencher de significado as lacunas dessa poética. Assim, a visão da obra depende da sensibilidade de cada espectador.
Com pensamento aberto à cultura alheia, no caso a de nossos hermanos argentinos, os atores Beatriz Cruz, Gabriela Cordaro, Joaquim Lino, Katia Lazarini e Miriam Rinaldi conseguiram uma argentinidade que surpreende. Sobretudo, porque a trupe é brasileira. Pulsa na obra aquela mistura de pose europeia e decadência latino-americana que os argentinos sabem mesclar tão bem.
A peça, com dramaturgia de Veronica Stigger, expressa nos corpos o que não é dito pela palavra. E ajudam nesta composição estética os simples e refinados figurinos de Jorge Wakabara, bem como os objetos da delicada cenografia proposta Vânia Medeiros e a sensível luz assinada por Taty Kanter.
Coeso e à vontade, o elenco traz um destaque: Miriam Rinaldi. A atriz, com sua evidente experiência de palco, consegue dar peso necessário à proposta cênica desta obra.
¡Salta!
Avaliação: Muito bom
Quando: Sexta, às 20h. Sábado, domingo e feriado, às 19h. Até 3/3/2012
Onde: Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505, Metrô Largo 13, São Paulo, tel. 0/xx/11 5541-4000)
Quanto: R$ 12 (inteira); R$ 3 (usuário do Sesc) e R$ 3 (comerciário e dependentes)
Classificação etária: 18 anos
Salta 3820 Cacá Bernardes miriam Crítica: Peça do Coletivo Teatro Dodecafônico, ¡Salta! aposta no não dito para criar significados
A atriz Miriam Rinaldi é o destaque no elenco do espetáculo ¡Salta! - Foto: Cacá Bernardes

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Crítica Veja - ¡Salta! - Dirceu Alves Jr


Coletivo Teatro Dodecafônico faz estimulante aposta nas imagens em “¡Salta!”


Katia Lazarini, Gabriela Cordaro e Joaquim Lino na montagem inspirada na cineasta argentina Lucrecia Martel (Foto: Cacá Bernardes)
A cineasta argentina Lucrecia Martel firmou-se como cronista sutil e, por vezes, alegórica das relações humanas. Sob a inspiração de seus três filmes, “O Pântano” (2001), “A Menina Santa” (2004) e “A Mulher sem Cabeça” (2008), o Coletivo Teatro Dodecafônico concebeu a tragicomédia “¡Salta!”, em cartaz no Sesc Santo Amaro até 3 de março. Não é à toa, o grupo convidou a escritora Veronica Stigger, conhecida por flertar com o absurdo em livros de contos como “Os Anões” e “Gran Cabaret Demenzial”, para criar a dramaturgia.
Tal parceria transmite uma homogeneidade bem-sucedida, levando à cena o relacionamento entre três mulheres (as atrizes Beatriz Cruz, Gabriela Cordaro e Miriam Rinaldi). Ora definidas como irmãs, ora amigas, mãe e filhas, elas se envolvem em rotineiras ou inusitadas situações ao lado de uma garota órfã (interpretada por Katia Lazarini) e de um homem (papel de Joaquim Lino) que tenta amenizar um trauma na bebida.
Dirigida por Verônica Veloso, a montagem divide-se em dois momentos. Primeiro, ao ar livre, o espectador recebe fones e ouve a descrição de um dos cinco personagens. Pouco depois, dentro do Espaço das Artes, acomodados em cadeiras, o público se vê diante do que seria a encenação convencional. Pura ilusão. Verônica Veloso contrasta longos silêncios e sequências frenéticas de textos, criando imagens com coreografias marcadas que fortalecem o caráter performático. Muitas vezes, a plateia demonstra surpresa com a estimulante fusão de linguagens e o impacto visual. Em outras, não controla as gargalhadas. Seja pela naturalidade com que as tramas são narradas ou pelo simples estranhamento.

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Crítica Folha de São Paulo - ¡Salta!


CRÍTICA DRAMA
'¡Salta!' exercita narração que usa poucos recursos de imagem e som
"¡Salta!" é uma produção que arrisca bastante e atinge seus propósitos experimentais com méritos
LUIZ FERNANDO RAMOSCRÍTICO DA FOLHA

Estética do ver e ouvir. O espetáculo "¡Salta!" do coletivo Teatro Dodecafônico explora algo que o teatro e o cinema têm em comum: o foco combinado do olhar e da audição para construir narrativas.
No caso, mais do que contar uma história, o grupo preocupa-se em exercitar modos de narrar algo com um mínimo de imagens e de sons.
A pesquisa da encenadora Verônica Veloso, já desenvolvida no primeiro de seus quatro espetáculos anteriores, estrutura a montagem das cenas a partir de procedimentos da linguagem cinematográfica.
Desta vez, a referência explícita da encenação são os filmes da cineasta Lucrecia Martel, natural da cidade de Salta, na Argentina.
O cinema de Martel chamou a atenção da crítica internacional com obras como "O Pântano" (2001), "A Menina Santa" (2004) e "A Mulher sem Cabeça" (2008), os dois últimos exibidos em Cannes.
Suas obras trazem registros naturalistas de situações familiares, estranhados por desvios sutis e crítica implícita da vida pequeno-burguesa.
O Dodecafônico não adapta nenhum dos roteiros de Martel, mas empresta deles a atmosfera soturna e a tensão nunca aclarada entre o psiquismo atormentado dos personagens e suas frívolas ações. É assim, por exemplo, que, na primeira parte, algumas atrizes simplesmente tomam banho de sol, ou, depois, empenham-se apenas em jogos banais.
Contudo, a forma como ocorre esse não fazer ou causar nada é muito interessante, tanto como sugestão de tramas só insinuadas quanto plasticamente, na medida em que se desdobra na cenografia enxuta de Vânia Medeiros e é pontuada pelo desenho de luz de Taty Kanter.
O jovem elenco, desobrigado de atuar na convenção dramática mais estrita, mostra-se à vontade com a proposta. Mas a participação de uma atriz madura como Miriam Rinaldi é decisiva para adensar o clima e garantir que se faça jus à filmografia de que se partiu.
"¡Salta!" é uma produção que arrisca bastante e atinge seus propósitos experimentais com méritos. A investigação de onde se origina não parece encerrada.
Resta, de fato, a expectativa de trabalhos ainda mais verticais com o potencial inexplorado de olhos e ouvidos.
¡SALTA!
QUANDO sex., às 20h, sáb. e dom. e feriados, às 19h; até 17/2
ONDE Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505; tel. 0/xx/11/5541-4000)
QUANTO de R$ 3 a R$ 12
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom

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