quinta-feira, 15 de maio de 2014

COLETIVO TEATRO DODECAFÔNICO NA VIRADA CULTURAL


ATO ÍNTIMO CONTRA O EMBRUTECIMENTO

ATO ÍNTIMO CONTRA O EMBRUTECIMENTO
por Verônica Veloso

(doze de fevereiro)
Em 15 minutos
se inicia a DERIVA DODECAFÔNICA
três mulheres reconhecem
recortes da cidade.
Deixar-se perder em de São Paulo.
Ainda não são 14h
nem estou na Praça Roosevelt - ponto de
encontro
(mas) para mim,
a deriva já começou
tudo e todos que eu encontro salta(m) aos meus olhos
e sentidos.

(para ser lido em voz alta)
Uma puta passa batom
rosa pink
um garoto ruivo
vestindo camiseta
vermelho salsicha
toma fanta laranja
a máquina que vende tickets
me confunde e meu
joelho range um pouco
ventos surpreendentes dos
subterrâneos do metrô
Antes do trem
um moço grande
pesado na medida
corpo vibrátil
conexão entre
púbis e esterno
ísquios e topo da cabeça
conectados
A prévia da deriva
O corpo modificado pelo evento vindouro
Não é o Rui!
É casado,
talvez gay, tem amigo careca.
Sensação estranha de estar sendo
lida enquanto escrevo.
Efeitos de uma escrita em
Tempo do percurso Butantã-
República.
A prévia da deriva é um
desdobramento da deriva,
um dispositivo complementar.



(vinte e sete de março)
Atenta ao meu corpo
estado que antecede à deriva
faço pequenas narrativas temporais
que duram o tempo
do trajeto Butantã-República.

Meu corpo anda atravessado
por ideias, sentimentos e sensações
carnavalescas.
Rompantes de
lantejoulas e combinações de cores
me acometem. A paisagem
me convida a observar azuis.
Em minha errância urbana
o azul me acalma, me refresca,
cria 1 contraponto para os 36 graus.
Ele conversa com amarelos e
calores. O texto do meu
pensamento é mais rápido
que a minha capacidade de
escrita. Desejos de colorir a
cidade com cores
escolhidas. Hoje seria azul,
a cor mais quente.
Todos os quadros têm
elementos desta cor.
Exibida,
sento-me entre pessoas
escrevo sem me esconder
e permito que elas acompanhem

o fluxo da minha escrita.