quarta-feira, 17 de março de 2010

Conversas com A.: Diário de Bordo 1



Finalizamos a nossa análise e reflexões sobre o texto de “Alice através do Espelho”. Junto a comentários sobre trechos específicos de cada capítulo que chamaram a nossa atenção, percepções sobre o que desejamos construir foram se constituindo de forma clara e merecedora de um registro inicial. A seguir, registro alguns pontos que começam a ser traçados como alicerce do nosso processo criativo.

TEATRO INFANTIL
Entendemos o “fazer teatral” para o público infantil com o mesmo respeito, maturidade e qualidade que geralmente são destinados ao teatro adulto. Nossa intenção é criar uma peça para que crianças e adultos possam vivenciar juntos um percurso, uma trajetória artisticamente enriquecedora.

CONVERSAS COM A.
Entendemos a criação de “Conversas com A” (título provisório) como uma reação à obra de Lewis Carrol. Não se trata de uma simples transposição ou livre adaptação, mas sim de uma peça calcada na reflexão sobre a obra, uma “criação própria” que deseja dialogar com o universo do autor. Neste contexto, dois aspectos já se configuram como diretrizes de construção da nossa criação:

1. A compreensão do universo lúdico, surreal, geralmente “non sense” do autor como um descondicionamento do olhar para a construção de uma nova ordem. Queremos construir uma trajetória capaz de surpreender pela quebra do lugar comum. Esta intenção do “fazer teatral” é o que mais nos liga à alma da infância, ao olhar livre e espontâneo das crianças.

2. A convergência do processo de trabalho com a razão de ser da obra: em ambos os casos a palavra chave é o descondicionamento. Isso parece ser precioso na essência do nosso trabalho. Não é freqüente termos um processo de criação - os jogos do olhar trazidos pela Verô, buscando novas relações com a ocupação do espaço e com a arquitetura, uma exploração cênica renovada... - totalmente a serviço desta nova ordem que queremos criar, dialogando com o conteúdo, com a dramaturgia. Vou deixar aqui registrada uma frase da Paulina: “Construir um percurso em que atores e público vivenciem juntos uma experiência transformadora”. Acho que podemos ter esta frase como o nosso norte, a estrela que queremos seguir. Quanto mais perto desta estrela conseguirmos chegar, creio que mais feliz será o nosso processo criativo.

NÚCLEO DE ATORES: RIQUEZA PURA.
O que vocês podem criar coletivamente, unindo inspirações, sentimentos, gestos e movimento é algo que eu não terei palavras para descrever. Vocês são a imagem que a palavra, a música, o figurino, a luz... desejarão namorar.

Beijocas, fé e pé na tábua!

Silvia Camossa

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