quinta-feira, 20 de novembro de 2014

SAIR PARA TOC(AR) _formas de registros


Fotos das texturas tocadas

Escrita Automática
10min

Por Sandra Ximenez

Aqui na sala está sem vento, ar parado, abafado. Mas no mesmo prédio, lá embaixo, já não. Na rua menos ainda. Há fluxos de ares e ventos, que dão vontade de caminhar.
Agora me vem um torpor. O bairro do Bom Retiro é tão cheio de informações que a gente se esvazia. Tem de tudo, todas as diversas etnias, todo tipo de oferta de produtos, comida. Fui parar no parque, que também é muito. Arte, escultura, natureza, pessoas - desocupados, jogadores com apostas em dinheiro, prostituição, guardas. Materiais mais naturais, tão diverso de estar nas ruas. 
Paro pra pensar, não, volto, tentando um fluxo. Texturas me moveram, hoje, mais pelo olhar, mas sempre usando o toque também. Toque do meu corpo nos materiais, toque do vento no meu corpo. Agora torpor. Parece que estou no calor do Pará ou algo assim. Vento lá fora tem a ver com chuva. Senti apenas algumas gotas.

Eu fiz a proposta da Bia, derivar pelo desejo do tato e pela busca de ar. Elas me pareceram procedimentos que têm mais a ver com a ação corpo e arquitetura do que com deriva, talvez. Ficar demais no sensorial move menos? Fecha a possibilidade de maior comunicação? não… tantos artistas trabalham pelo sensorial e arte é comunicação, não pode ser isso. 

Esse esvaziamento que estou é até bom. Estava com a cabeça em tantas coisas práticas, editais, projetos, urgências, apresentação de alunos. Difícil chegar e trabalhar assim tão livre, achar o sentido e ir nele, nessa pesquisa assim aberta, lenta…

Paro a escrita antes do tempo, grata a ter podido ralentar e ficar no sensorial no meio de um dia tão comum, corrido, paulistano. 


Por Beatriz Cruz

O ar me levou pra rua, andar pela rua e descer o vento me fez descer até onde não vão as mulheres esse era vazio um percurso que por tempos só vi homens e meus ombros fecharam sair para tocar é que a natureza chama todo verde chama em flocos ou em árvores. Chama como nunca ou temperatura formas para ativar a temperatura do corpo quero ficar no quente da pedra de uma cachoeira urbana enquanto o som e os olhares que ouço e recebo são de dúvida e jogo que você importa com o que você fará na cidade um código estranho que pode ser decodificado à primeira vista quem eu sou importa para poder permanecer ali. Eu rio. Falo. Simpatizo enquanto penso a relação que os faz permanecer ali. Quem são eles? Eu sentei. Eu deitei. Eu criei uma situação. O campo daqueles quatro corpos está aberto. Não está fazendo se por alguns segundos, minutos que permaneço. Sigo em frente atravesso, vejo encosto, repouso. Objetos redondos para esperar. Poste, entre postes, onde tem um cinto. Quem colocou o cinto ali? Tiro ou não tiro. Porque tirar seria demais para o momentos. Objetos cilíndricos me acomodam. Corrimões da rua. Um buraco quase morro. Um gato parado nos sapatos. Quem é ele para poder permanecer ali? Branco, outro branco para ativar a minha perna. Tive vontade de assistir e me deixar deitar. Quem eu sou para poder permanecer ali? A bochecha na pedra alivia alguma coisa. De longe, do azulejo alguém olha. Será que me vê? Vê a mim pra perguntar quem é você pra permanecer ali? 
Um bloco ovalado azul

Um abraço
Um soslaio
Vento desce ou sobre morro?
Por que o vento me leva onde ninguém vai?
Por que não deixe o vento te levar? Vento de chuva enquanto na TV a chuva alaga. Onde está a chuva Tenho toda a tentativa de escrever. Vento é o ar se mostrando o ar que se mostra me mostra que tenho pele mostra que está resente pela rpoua quem é ele para poder permanecer ali? Sinto as linhas de força.



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