terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tchau Yayá!








Dia 19 de dezembro acontecerão as derradeiras apresentações de "O Disfarce do Ovo" na Casa de Dona Yayá. Apesar dos contratempos, a peça fica linda lá! Ingressos praticamente esgotados, restam pouquíssimos!

E em janeiro voltamos! Em breve colocamos as diretrizes para quem estiver por aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ovo interrompido!




A Casa de Dona Yayá cancelou a temporada da encenação “O Disfarce do Ovo”!


Últimas apresentações apenas no dia 19-12-09, às 19h e às 21h.

Façam suas reservas!

Estamos organizando debate público sobre o tema: Artistas e Coletivos Artísticos em Espaços Públicos Institucionais – Diálogos e Tensões
Aguardem divulgação.


Abaixo, segue texto detalhando a situação:

A temporada de O Disfarce do Ovo, após algumas tentativas de diálogo, foi interrompida pelo Centro de Preservação Cultural da USP – Casa de Dona Yayá, sob o argumento de que o Coletivo Teatro Dodecafônico teria descumprido regras do Termo de Compromisso firmado com a casa.
O Coletivo Teatro Dodecafônico não causou nenhum dano ao patrimônio público tombado da Casa de D. Yayá (regra central do Termo firmado), ao contrário, ressaltou a preservação arquitetônica da Casa, utilizando a arquitetura como locação para o experimento cênico, sem escamoteá-la.
Um dos princípios norteadores do grupo, em sua criação artística, é não só dialogar, mas incorporar a arquitetura ao seu discurso cênico. Durante as apresentações, não só o espaço público foi respeitado, como um outro modo de olhar para essa arquitetura foi proposto, valorizando a Casa de D. Yayá e levando um público diferenciado para conhecê-la.
Diante desse impasse que vivemos hoje, entre o embate e a tentativa de conciliação com a administração da Casa, sentimos a necessidade de abrir um espaço para debatermos essa situação. Propomos e convidamos a todos para participarem de um debate público sobre as possíveis parcerias entre coletivos artísticos e instituições públicas.
Sabemos que outros artistas e coletivos artísticos passaram situações similares seja com o próprio CPC-USP, seja com outros espaços públicos institucionais que têm tentado agregar “valor” às suas ações por meio do empreendimento de ação cultural e educativa na área de artes. Entendemos que a iniciativa de realização de um debate público será benéfica para ambas as partes, tanto aos artistas que se interessam pela vivacidade dos espaços abertos à cultura, quanto às instituições que refletem sobre as melhores maneiras de compor editais e chamamentos públicos.
Gostaríamos de iniciar o debate sobre o tema por meio de nosso blog: http:// teatrododecafonico.blogspot.com.
Além disso, faremos duas últimas apresentações no espaço para, ao menos, tentar receber os espectadores que já estavam nas listas de reserva ou que haviam deixado seus nomes para voltarem à peça, pois estavam presentes em apresentações canceladas por motivo de chuva. Nelas gostaríamos de também convidar todos aqueles artistas, pesquisadores e espectadores em geral que tenham interesse pelo tema.
Por fim, é nossa intenção propor à direção da Casa de Dona Yayá a realização de um debate público com o tema “Artistas e coletivos artísticos em espaços públicos institucionais – diálogos e tensões” ainda no mês de dezembro, utilizando datas em que ocorreriam apresentações de nossa encenação.

Esse é um convite para a reflexão e o debate. Sinta-se à vontade para expressar sua opinião!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma reação ao disfarce do ovo - por Livia Almendary

Olhar, apalpar com olhos nômades
ou
Uma reação ao disfarce do ovo


por Livia Almendary

O olhar sempre foi considerado algo perigoso. Orfeu transformou sua amada em estátua com um olhar impaciente; Narciso apaixonou-se por seu próprio reflexo na água e terminou afogado em si mesmo; Édipo furou os olhos porque não suportou ver que tinha matado o pai e cometido incesto com a mãe; alguns índios recusaram olhar-se no espelho pois sabiam que a imagem refletida era sua própria alma, e que a perderiam se nela depositassem seu olhar .
“Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido”, vai dizer também a(o) narrador(a) de “O ovo e galinha”, de Clarice Lispector . Estabelecer limites, classificar, definir, delimitar, fixar: ver é dar forma ao pensamento e esgotar, de alguma maneira, o instante fugaz em que algo é livre para ser qualquer coisa, antes de ser capturado pela linguagem, pelo discurso, pela autoridade pesada daquilo que diz “isso é...”. Ver, portanto, pode ser de fato perigoso, e o “ovo é coisa que precisa tomar cuidado”, já avisa o(a) personagem do conto nas primeiras páginas.

Contra a adaptação, a reação
Os primeiros críticos literários que escreveram sobre Clarice Lispector notaram que sua prática discursiva retirava o sentido comum das palavras para moldá-las às suas necessidades de expressão. A autora não utilizava a linguagem como um dispositivo para ordenar o mundo, e sim como elemento de transgressão, de potência, num “processo de violação da norma discursiva para arrancar da linguagem pura uma nova energia, indomável e incomum” . Dito de outra forma, Clarice tentava a façanha de escrever sem esgotar ou limitar em apenas uma as “mil faces secretas sob a face neutra ” de uma palavra; escrevia para multiplicar os sentidos do mundo, e não para reduzi-los. “Por isso a galinha é o disfarce do ovo. (...) Ele vive dentro da galinha para que não o chamem de branco. O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam o ovo de branco, essas pessoas morrem para a vida”, continua a(o) narrador(a).
Levar Clarice dos livros ao teatro não poderia, pois, ser de outra forma senão como uma “reação”. A adaptação – fixação, explicação, tradução – seria trair o próprio objeto de partida, seria como “chamar de branco aquilo que é branco” e, justamente por isso, “destruir a humanidade”. O(a) mesma(o) personagem também nos ensina a “lei geral para continuarmos vivos: pode-se dizer 'um rosto bonito', mas quem disser 'o rosto' morre; por ter esgotado o assunto”. Reagir, pois, para não esgotar.

Contra a colonização, o nomadismo
Disfarçadas de atrizes, as atrizes do Coletivo Teatro Dodecafônico ocupam temporariamente a Casa de Dona Yayá, um sítio histórico no bairro do Bexiga que já foi (e por isso ainda é) uma chácara, uma casa, um espaço cultural para onde elas levaram a Clarice, o ovo, o livro, e o teatro. Não o “teatro de palco”, onde espectador e espetáculo têm lugar definido, mas um teatro que circula, que se desloca, que ocupa e reocupa um território em suas múltiplas possibilidades. Um jardim, uma mesa, um banheiro, uma escada: qualquer lugar é lugar para o teatro dodecafônico de Clarice.
Ocupar um espaço é estabelecer-se num território, estar presente e ativo no mundo. Mas ocupar uma casa antiga para transformá-la em teatro é, também, sair de um território (o palco tradicional), (re)transformar sua função e seu sentido. Territorializar, nesse caso, é desterritorializar o próprio teatro, refuncionalizá-lo. Do espaço fechado, íntimo, escuro, com lugares marcados e protocolo conhecido, foi-se para o espaço aberto, público, livre, nômade.
Nomadismo e liberdade, que fique claro, são aqui entendidos não como renúncia a estar presente e atuante num determinado espaço, e sim como forma de permanecer no (teatro do) mundo sem deixar-se colonizar, sem deixar-se capturar pela norma que, com o tempo, definiu “o teatro”, “o corpo”, “a beleza”, “a família”, “a vida” (para ficar apenas em alguns dos temas abordados na peça do Coletivo, pois a lista é longa até o infinito). Não se trata, portanto, de renunciar a um território ou ao compromisso com o espaço onde se vive (nem ao teatro, à família, à beleza, à vida...), é transitar por esses espaços com olhos nômades, não estáveis, não colonizadores – e por isso transformadores.

Contra a verdade, o disfarce
Em tempos ditos “liberais”, paradoxalmente cresce um controle pulverizado em discursos normalizadores que soam inofensivos, como “cuide de sua saúde e viva mais”, “faça exercícios”, “mantenha sua casa livre de micróbios”, “siga essas dicas e fique com a pele linda ”,“seja alguém na vida (e não ator de teatro)”. Sorria, você pode estar de fato sendo filmado. Também dizem que comer muito ovo faz mal, dá enjoo, pesa, faz subir o colesterol. No mundo de Clarice, e do teatro (dodecafônico), o perigo em relação ao ovo “é que se descubra o que se poderia chamar de beleza, isto é, sua veracidade. A veracidade do ovo não é verossímil. Se descobrirem, podem querer obrigá-lo a se tornar retangular. O perigo não é para o ovo, ele não se tornaria retangular. (…) Mas quem lutasse para torná-lo retangular estaria perdendo a própria vida. O ovo nos põe, portanto, em perigo”. Não à toa, e não por acaso, é que “os iniciados disfarçam o ovo”.

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Marilena Chaui, “Janela da alma, espelho do mundo”.
Clarice Lispector, “O ovo e a galinha” (em Felicidade Clandestina).
Raúl Antelo, em prefácio para a edição argentina do livro “O lustre”.
Carlos Drummond de Andrade, “Procura da poesia” (em antologia poética).
Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia. Volume 1, capítulo 1.

Livia Almendary é graduada em História pela Universidade de São Paulo e mestranda em Literatura Latino-americana na Universidade de Buenos Aires.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Disfarce do Ovo - Temporada na Casa de Dona Yayá



17 de outubro à 20 de dezembro
Sábado 20h e domingo 19h

Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353

Lotação máxima 25 pessoas
Reservar pelo telefone 7674-4062
Em caso de chuva não haverá apresentação

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nova Temporada!


A escolha por espaços alternativos é parte da pesquisa do grupo. Entendemos a arquitetura na qual a peça será apresentada como o primeiro desafio à instalação das cenas. Como o público é acolhido no espaço cênico, a arquitetura é exibida e não escamoteada. Durante os meses de setembro e outubro fixamos residência na Casa de Dona Yayá, onde acontece nossa nova temporada. O que podemos dizer é que é quase uma nova peça... Venha conferir!

De 17 de outubro a 20 de dezembro

sábado, 8 de agosto de 2009

Últimos ensaios

Fotos dos últimos ensaios, parte da residência artística que o Coletivo Teatro Dodecafônico fez em maio no Sesc Pinheiros.
Por Renata Velguim.






domingo, 7 de junho de 2009

Figurino

Por Jorge Wakabara

Procuramos imagens que fugissem de ícones do vestuário feminino que fossem muito óbvios - desde o início, já foi combinado que babados, rosinhas, lacinhos, rendinhas e vestidinhos estariam fora do repertório do figurino para a encenação. Antes, queríamos uma imagem de mulher mais prática e moderna, sem deixar a feminilidade de lado. Como a peça tem muito movimento, o resultado acabou "primo" de roupas típicas de espetáculo de dança: macacões, porém com um tecido não-usual (com um caimento mais fluido e, em um dos macacões, uma modelagem mais solta). Estampas localizadas de pintinho deram um toque lúdico, e brincamos com esse equilíbrio entre o infantil (nas estampas, no collant que uma das atrizes usa por baixo) e o adulto (o macacão como uniforme, a cava profunda, o decote mais generoso). Contamos com a ajuda de Monayna Pinheiro, da marca Apego, pra produção das peças e Mario Mantovanni, para a confecção.

Quer saber mais? Vai lá:

http://djoh.wordpress.com/2009/05/20/e-o-figurino-esta-pronto/

http://www.fotolog.com.br/apego/64297549

sábado, 6 de junho de 2009

Imagens




Clarice Muda

A proposta de O Disfarce do Ovo, do Coletivo Teatro Dodecafônico, é traduzir o universo epifânico de Clarice Lispector com imagens marcantes e pouco uso da palavra. A dramaturgia foi criada a partir dos contos 'A Legião Estrangeira' e 'O Ovo e a Galinha'.

Sesc Pinheiros. Sala de Oficinas (25 lug.). R. Paes Leme, 195, 3095-9400. R$8. Sáb.(30) e dom. (31)

Fonte: Guia O Estado de São Paulo 29\05\09




quarta-feira, 3 de junho de 2009

O ovo por enquanto será sempre revolucionário

Essas são algumas das fotos tiradas por Renata Velguim que serviram como estudo para a arte gráfica. Mas as fotos ficaram tão bonitas, que resolvemos publicá-las aqui.








quinta-feira, 21 de maio de 2009

Flerte Literário


Nos dias 30 e 31 de maio, como parte da pré-estréia da encenação "O Disfarce do Ovo", o Coletivo, numa parceria com o Sesc Pinheiros, o ferecerá as Oficinas gratuitas: "A Imagem e a Letra: alguns jogos do olhar" e "O Corpo e a Letra". Para que os procedimentos de trabalho do grupo sejam disponibilizados e experimentados.


Maiores info:

Pré-estréia

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Disfarce do Ovo

A encenação “O Disfarce do Ovo” apresenta uma reação à literatura de Clarice Lispector, a partir dos contos “A Legião Estrangeira” e “O Ovo e a Galinha”. As cenas que se vêem na encenação são respostas do Coletivo Teatro Dodecafônico à escrita da autora. Afinal, o texto escrito por Clarice interessa à literatura e não justifica a enunciação do texto por si só, mas sim a descoberta de formas de transpor para a cena a “experiência clariceana”. Isto é, os temas, as sensações, as abstrações e as epifanias que emergem da leitura de seus escritos.

Assim, a partir da vivência dessa “experiência clariceana”, o Coletivo convida o público a um reaprender a ser, num tempo em que se prolifera a experiência massificante e, mais especificamente, um reaprender a ser mulher, explorando o universo feminino atual.

A dramaturgia, criada coletivamente, propõe uma escritura por imagens. No lugar das palavras entra o corpo para a construção da encenação, composta por 7 quadros. Cada quadro tem um ponto de partida específico: uma partitura corporal ou sonora, a relação com um objeto, um recorte de espaço, sempre sobrepostos a textos diversos. As ações realizadas em cena são construídas por partituras corporais elaboradas a partir da técnica desenvolvida por Klauss Vianna, para que o universo da escritora de fato seja incorporado na presença e na movimentação das atrizes. Desse modo, o corpo será o suporte e o condutor para o acontecimento da experiência.

O espaço cênico representa um lugar de intimidade: uma casa, mas uma casa incompleta. Dela, o que se vê é apenas o mobiliário que está em contato direto com as atrizes ou com o público. O restante encontra-se suspenso, num varal, “uma realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu”. Imprimindo nessa casa uma atmosfera em suspensão, evoca-se o mundo interior e insere-se o fator de estranhamento presente em alguns locais da alma humana. Também se evoca a memória, fazendo com que cada pessoa, a partir de seu repertório individual, possa completar as lacunas do cenário. Os limites dos ambientes dessa casa são feitos por esses varais, barreiras que o olhar transpassa.

O público estabelece um percurso dentro da casa, guiado pelos acontecimentos da cena. O espaço cênico de “O Disfarce do Ovo” comporta o público. Dessa forma, é convidado a vivenciar um contato próximo das atrizes, dentro do espaço da ação, usufruindo e completando o seu cenário. Por esse motivo apenas 25 pessoas assistirão a cada apresentação.

Sinopse

A encenação revela uma série de encontros: duas mulheres, uma menina, um ovo, um pintinho. Ao percorrer uma trajetória fragmentada, o espectador é convidado a transitar por espaços de uma casa incompleta. A cada novo espaço, uma nova cena é estabelecida. Por meio da linguagem corporal, duas atrizes reagem ao universo epifânico da escritora Clarice Lispector. Apenas 25 pessoas assistem cada apresentação.

Idade recomendada: A partir de 14 anos
Duração: 50 minutos

Ficha Técnica

O Disfarce do Ovo

Encenação: Verônica Veloso
Co-encenação: Paulina Caon
Intérpretes criadoras: Bia Cruz e Gabriela Cordaro
Preparação corporal: Verônica Veloso e Paulina Caon
Espaço cênico: Renata Velguim
Figurino: Jorge Wakabara
Concepção de luz: Taty Kanter
Vídeos: Marina Bastos
Audiocenografia: Felipe Julian
Arte-gráfica e fotografia: Renata Velguim
Produção: Coletivo Teatro Dodecafônico