ou jogo de partículas que se movem no espaço
Inspiração:
No livro “WALKSCAPES – o caminhar como prática estética”,
Francesco Careri apresenta o termo percurso como:
1- ação de caminhar/andar (o ato da travessia)
2- desenho/objeto arquitetônico (a linha que atravessa o
espaço)
3- estrutura narrativa (relato do espaço atravessado)
“No último século o percurso (...) assumiu o estatuto de
puro ato estético. Hoje se pode construir uma história do caminhar como forma
de intervenção urbana que traz consigo os significados simbólicos do ato
criativo primário: a errância como arquitetura da paisagem, entendendo-se com o
termo paisagem a ação de transformação simbólica, para além da física, do
espaço antrópico*”.
(*relativo ao período de existência da humanidade)
“O caminhar, mesmo não sendo a construção física de um
espaço, implica uma transformação do lugar e dos seus significados. A presença
física do homem num espaço não mapeado – e o variar das percepções que daí ele
receba ao atravessá-lo – é uma forma de transformação da paisagem que, embora
não deixe sinais tangíveis, modifica culturalmente o significado do espaço, e
consequentemente, o espaço em si, transformando em lugar. O caminhar produz
lugares”.
WALKSCAPES – o caminhar
como prática estética
Francesco Careri
Delirium Ambulatorium seria a “paixão-meditação-andar”
conduzida pelo “corpo-pé” na “cidade-playground”?
Denominações de Helio
Oiticica (des)ordenadas numa pergunta que faço.
Preparação:
#1
Procure um lugar no espaço onde consiga soltar o peso.
Espreguice. Ative sua pele.
#2
Balada silenciosa.
Coloque seu fone de ouvido e música. Mova as articulações de
baixo para cima.
Pés, joelhos, pernas, quadril, coluna vertebral, ombros,
cotovelos, mãos e cabeça.
As articulações dançam o som que entra em segredo pelos
ouvidos.
Aproveite para sentir seu “corpo-pé”. Destrinche-o!
Lembre-se: sola do pé é onde bate o coração.
Experimente a conexão entre os movimentos do seu pé e do seu
quadril.
Mantenha-se olhando para as outras pessoas do grupo.
Haja e reaja.
Repita, duplique, aumente, desloque, transponha, acelere,
desacelere, diminua o que o outro faz.
#3
“Paixão-meditação-andar”!
Ande pelo espaço.
A pausa é uma possibilidade.
Pare quando quiser. Volte a andar quando quiser.
3 níveis de atenção que se somam.
_primeiro: o seu próprio corpo.
Perceba o tamanho do seu passo.
Conecte-se com a posição dos seus ossos e como se articulam
enquanto você anda.
Experimente o peso de um lado para o outro.
Conecte-se a sensações, frio e calor, dor, invisibilidade de
alguma parte, respiração.
_segundo: o espaço.
Olhe o espaço enquanto anda. Teto, parede, chão.
O espaço externo expande o espaço interno.
Abra-se.
Luminosidade. Dimensões. Formas. Linhas.
Percurso é ação e desenho, o ato de andar e a linha que
atravessa o espaço.
Quais são os seus percursos nesse espaço?
_terceiro: o outro
Olhe os outros corpos enquanto andam.
Perceba o espaço entre eles e entre você e estes corpos.
Perto ou longe, energia e ar que circula.
Contamine-se pelo fluxo dos outros jogadores, por todos que
passam, pelo que se move nesse espaço.
Fotos: Camilla Loreta e Papá Fraga
Desenhos: Vânia Medeiros e Olivia Niculitcheff