Jogos e deslocamentos, gestos e movimentos. O vigor criado pela força coletiva impressiona e surpreende, desperta o riso, diverte e seduz. A Rainha! O Bispo! Hahaha! Que cavalo mais engraçado! Outra Rainha! Cortem a cabeça! A torre! Hahaha! Esse Bispo fala sozinho! Esse é o Rei? Esse... quem é???? Na dúvida, o jogo para. A diversão esfria. O que era divino vira vazio. O que era inspiração torna-se nada. Na sequência, novos jogos. Fila de peões, três peças protagonistas na linha de frente. Mas o que fazem os peões? Assistem ou atuam? Há espaço para se buscar o aperfeiçoamento do desenho, a sabedoria do gesto enxuto e preciso, o argumento pleno que brinca e preenche o espaço com a grandeza de quem transcende a palavra e invade a imaginação, a sensação. Implícito nos jogos de cada corpo está a imagem e tudo o que ela espelha e desperta em nossos olhos. Através do corpo do outro, o espectador enxerga o invisível. A Alice que acaba de se tornar gigante. Depois outra, tão pequena que nenhum olho seria capaz de ver. Mas nós sabemos que ela está lá. Estamos vendo tudo! Através da vivacidade e precisão de corpos de atores que nos convidam a enxergar o impossível e a experimentar o jogo de imaginar. Nessas horas, até o céu resolve brincar. Para onde este grande jogo irá nos levar? Alice, quem te vê, quem te viu! Maiúscula, depois minúscula, em inúmeras mutações experimentadas em uma cinzenta tarde de abril.
Silvia Camossa
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