sexta-feira, 30 de julho de 2010

Conversas com A.: Diário de Bordo 5

Criar um mapa de deslocamentos, uma trajetória no espaço fazendo com que o corpo comece a dar vida a uma cena que está em gestação e tem, nesse momento, o trabalho corporal como eixo central de estudo. Cada cena apresentada nessa atmosfera vai ganhando espaço e revelando caminhos, oportunidades de exploração, esboços iniciais que serão aperfeiçoados e aprimorados com o tempo. Quanto maior a clareza da trajetória e dos gestos, maior o envolvimento criado entre ator e expectador. Entre um ponto e outro, um gesto inesperado comunica uma ideia, desperta uma sensação, fala por si. A sensação criada por um instante abre portas para o novo. A pesquisa, o estudo, a dúvida, a incerteza, o experimento, o compartilhamento, o retrabalho, o treinamento... tudo se junta e segue nascendo. Criando base para receber e incorporar tudo mais que está por vir. Personagens continuam seus desenhos. Uma guardiã do tempo, uma mulher que nos conduz por espelhos, outra que esqueceu todos os nomes, um homem caixa, um louco preso no tempo, uma chapateira maluca, uma condutora em um jogo de xadrez, um cavaleiro clarinetista, uma inventora que guarda com ela um Humpty Dumpty, uma lagarta... Seguimos com Alice:

ali

ali
se

se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse

se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce

ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
(Paulo Leminski)

Descobrindo a cada passo o que ali se viu.

Silvia Camossa

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