Peça '¡Salta!' dialoga com filmes de Lucrecia Martel
MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O cinema da diretora argentina Lucrecia Martel é o mote propulsor de "¡Salta!", peça do Coletivo Teatro Dodecafônico que estreia hoje no Sesc Santo Amaro.
O espetáculo é arquitetado por meio da mimese temática e formal dos três longas-metragens da cineasta, em que seus procedimentos cinematográficos são convertidos para a linguagem teatral.
A atriz Beatriz Cruz aponta elementos cênicos que foram emulados da decupagem dos filmes, como a movimentação dos atores entre os objetos de cena --com vistas a delimitar a visibilidade do espectador-- e a sonoplastia.
LenisePinheiro/Folhapress |
"Simulamos o comportamento da câmera, que enquadra os troncos, algumas vezes sem mostrar as cabeças, ou faz muitos planos com as personagens de costas, e também a sobreposição da trilha sonora", explica.
A diretora Verônica Veloso afirma que a audiocenografia foi concebida antes mesmo do texto e do cenário.
"A ambiência sonora é mais importante do que o diálogo, gerando a sensação de iminência de algo que pode acontecer. São cem alto-falantes que ressaltam os ruídos e criam a atmosfera densa presente nos filmes."
Preterindo a experiência dialógica em favor das metáforas visuais e sonoras, a encenação amplifica a sensação de abandono manifesta na obra de Martel. As cenas são descontínuas, fragmentos representativos do caráter amorfo dos personagens.
"As relações afetivas, tão presentes na filmografia dela, são indeterminadas. Não dá para saber se as mulheres são irmãs, mãe e filhas ou amigas", diz Verônica.
"Elas têm uma proximidade que gera estranhamento. O modo como os corpos se revelam na cena cria um tipo de relação de carnalidade que confunde e retrata a languidez dos filmes", completa.
PROCESSO CRIATIVO
O Coletivo Teatro Dodecafônico tem como marca o desenvolvimento de espetáculos a partir de referências prévias, que podem ser uma imagem, um texto literário ou um filme, caso de "¡Salta!".
"Desde nossa primeira montagem, trabalhamos com o conceito de reação. Em vez de simplesmente adaptar as obras, criamos uma linguagem teatral que reaja a elas", afirma Verônica Veloso.
A pesquisa para a criação da peça teve início no final de 2011. De acordo com a diretora, o grupo foi criando cenas que reagissem à arquitetura do local e aos enredos da cineasta argentina.
Com a estrutura cênica pronta, convidaram a escritora Veronica Stigger para dar a coesão final, que sucede em "reagir" à obra de Martel.
"Conseguimos criar no palco os efeitos de zoom, câmeras lentas, os enquadramentos de frente e fundo e as faixas de som para a construção dessa minifábula", resume.
¡SALTA!
QUANDO sex., às 20h, sáb. e dom. e feriados, às 19h; até 17/2
ONDE Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505; tel. 0/xx/11/5541-4000)
QUANTO de R$ 3 a R$ 12
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
QUANDO sex., às 20h, sáb. e dom. e feriados, às 19h; até 17/2
ONDE Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505; tel. 0/xx/11/5541-4000)
QUANTO de R$ 3 a R$ 12
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário