CRÍTICA DRAMA
'¡Salta!' exercita narração que usa poucos recursos de imagem e som
"¡Salta!" é uma produção que arrisca bastante e atinge seus propósitos experimentais com méritos
Estética do ver e ouvir. O espetáculo "¡Salta!" do coletivo Teatro Dodecafônico explora algo que o teatro e o cinema têm em comum: o foco combinado do olhar e da audição para construir narrativas.
No caso, mais do que contar uma história, o grupo preocupa-se em exercitar modos de narrar algo com um mínimo de imagens e de sons.
A pesquisa da encenadora Verônica Veloso, já desenvolvida no primeiro de seus quatro espetáculos anteriores, estrutura a montagem das cenas a partir de procedimentos da linguagem cinematográfica.
Desta vez, a referência explícita da encenação são os filmes da cineasta Lucrecia Martel, natural da cidade de Salta, na Argentina.
O cinema de Martel chamou a atenção da crítica internacional com obras como "O Pântano" (2001), "A Menina Santa" (2004) e "A Mulher sem Cabeça" (2008), os dois últimos exibidos em Cannes.
Suas obras trazem registros naturalistas de situações familiares, estranhados por desvios sutis e crítica implícita da vida pequeno-burguesa.
O Dodecafônico não adapta nenhum dos roteiros de Martel, mas empresta deles a atmosfera soturna e a tensão nunca aclarada entre o psiquismo atormentado dos personagens e suas frívolas ações. É assim, por exemplo, que, na primeira parte, algumas atrizes simplesmente tomam banho de sol, ou, depois, empenham-se apenas em jogos banais.
Contudo, a forma como ocorre esse não fazer ou causar nada é muito interessante, tanto como sugestão de tramas só insinuadas quanto plasticamente, na medida em que se desdobra na cenografia enxuta de Vânia Medeiros e é pontuada pelo desenho de luz de Taty Kanter.
O jovem elenco, desobrigado de atuar na convenção dramática mais estrita, mostra-se à vontade com a proposta. Mas a participação de uma atriz madura como Miriam Rinaldi é decisiva para adensar o clima e garantir que se faça jus à filmografia de que se partiu.
"¡Salta!" é uma produção que arrisca bastante e atinge seus propósitos experimentais com méritos. A investigação de onde se origina não parece encerrada.
Resta, de fato, a expectativa de trabalhos ainda mais verticais com o potencial inexplorado de olhos e ouvidos.
¡SALTA!
QUANDO sex., às 20h, sáb. e dom. e feriados, às 19h; até 17/2
ONDE Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505; tel. 0/xx/11/5541-4000)
QUANTO de R$ 3 a R$ 12
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
Link
QUANDO sex., às 20h, sáb. e dom. e feriados, às 19h; até 17/2
ONDE Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505; tel. 0/xx/11/5541-4000)
QUANTO de R$ 3 a R$ 12
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
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