quarta-feira, 12 de novembro de 2014

DERIVA: errar é urbano

DERIVA


“Modo de comportamento experimental ligado às condições da sociedade urbana: técnica de passagem rápida por ambiências variadas. Diz-se também, mais particularmente, para designar a duração de um exerceicio contínuo dessa experiência".

Definições, Internacional Situacionista
IS n.1, junho 1958

“Um tipo específico de errância urbana, uma apropriação do espaço urbano pelo vivenciador através da ação do andar sem rumo”.
Elogio aos Errantes, 
Paola Berenstein Jacques  



O Coletivo Teatro Dodecafônico utiliza a prática da deriva como uma tática de reconhecimento e apreensão do espaço urbano e para estruturar suas interferências nesse contexto. Partimos da noção de deriva formulada pelos situacionistas, em especial, por Guy Debord, e há muito tempo, praticada por outros tantos estudiosos e artistas, entre eles Charles Baudelaire, Walter Benjamin, Flavio de Carvalho, Hélio Oiticica e mais recentemente o grupo italiano Stalkers.



“O conceito de deriva está indissoluvelmente ligado ao reconhecimento de efeitos de natureza psicogeográfica e à afirmação de um comportamento lúdico-construtivo, o que o torna absolutamente oposto às tradicionais noções de viagem e de passeio. Uma ou várias pessoas que se dediquem à deriva estão rejeitando, por um período mais ou menos longo, os motivos de se deslocar e agir que costumam ter com os amigos, no trabalho e no lazer, para entregar-se às solicitações do terreno e das pessoas que nele venham a encontrar”.



Teoria da Deriva, Guy Debord
(Texto presente no livro Apologia da Deriva, de Paola Berestein Jacques)

“Em sua unidade, a deriva contém ao mesmo tempo esse deixar-se levar e sua contradição necessária: o domínio das variações psicogeográficas exercido por meio do conhecimento e do cálculo de suas possibilidades”  
Idem

Inicia-se aqui uma série de compartilhamentos do processo de pesquisa e aprofundamento artístico que busca investigar dispositivos e procedimentos para a criação de uma encenação em deriva, transformando a cidade num espaço de jogo. Surge do interesse em relacionar a experiência urbana, o teatro performativo, o corpo e o ato de andar como suportes da investigação.

A prática da deriva surge para conectar todos estes desejos de investigação. 
Organizaremos aqui as experiências vividas desde março de 2014. O compartilhamento desse processo faz parte da bolsa MERGULHO ARTÍSTICO, da Oficina Cultural Oswald de Andrade, concedida a Beatriz Cruz.









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